Chico Buarque

As batidas do coração jamais deveriam se escravizar aos tiquetaques desencontrados de dois relógios diferentes.

Vejo a multidão fechando todos os meus caminhos, mas a realidade é que sou eu o incômodo no caminho da multidão.

Eu até que nem gostava
De sair da minha casa
Mas quando eu menos esperava
Parece que criei asa.

vê passarela, como dança balança a pança e recua, a gente sua a roupa suja da cuja se lava no meio da rua

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio

É preciso sempre desconfiar das coisas fáceis.

Minhas dores eram crônicas, eu já previa onde e quando iam doer.

Ai! Esta terra ainda vai cumprir seu ideal.
Ainda vai tornar se um imenso Portugal.
Ai! Esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar se um império colonial.

Longe dele eu tremo de amor, na presença dele me calo.

o tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração!

Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza

Já gozei de boa vida
Tinha até meu bangalô
Cobertor, comida
Roupa lavada
Vida veio e me levou

Estou pensando alto para que você me escute.
E falo devagar como quem escreve, para que você me transcreva sem precisar ser taquigrafa, você está aí

Se nós, nas travessuras das noites eternas já confundimos tanto as nossas pernas.
Diz com que pernas eu devo seguir"

Bebeu veneno
E vai morrer de rir
Chico Buarque