"Tal como às vezes digo que, em vez da felicidade, eu acredito na harmonia, penso que o amor é o encontro da harmonia com o outro."
Aquilo a que certa literatura preguiçosa chamou durante muito tempo silêncio eloquente não existe, os silêncios eloquentes são apenas palavras que ficaram atravessadas na garganta, palavras engasgadas que não puderam escapar ao aperto da glote.
Sublimemos, amor.
Assim as flores
No jardim não morreram se o perfume
No cristal da essência se defende.
Passemos nós as provas, os ardores:
Não caldeiam instintos sem o lume
Nem o secreto aroma que rescende.
É evidente: a maldade, a crueldade, são inventos da razão humana, da sua capacidade para mentir, para destruir.
Nem a arte nem a literatura têm de nos dar lições de moral.
Somos nós que temos de nos salvar, e isso só é possível com uma postura de cidadania ética, ainda que isto possa soar antigo e anacrônico.
Eu sou contra a tolerância, porque ela não basta.
Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é pouco.
Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro.
Antes do interesse pela escrita, há um outro: o interesse pela leitura.
E mal vão as coisas quando só se pensa no primeiro, se antes não se consolidou o gosto pelo segundo.
Sem ler ninguém escreve.