Para que serve o arrependimento, se isso não muda nada do que se passou O melhor arrependimento é, simplesmente, mudar.
Nem a arte nem a literatura têm de nos dar lições de moral.
Somos nós que temos de nos salvar, e isso só é possível com uma postura de cidadania ética, ainda que isto possa soar antigo e anacrónico.
Na minha opinião, ser escritor não é apenas escrever livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma intervenção.
Aproximou se duma sepultura e tomou a atitude de alguém que estivesse a meditar profundamente na irremissível precariedade da existência, na vacuidade de todos os sonhos e de todas as esperanças, na fragilidade absoluta das glórias mundanas e divinas.
No acto de escrever há duas posições coincidentes, a autoridade e a sedução.
Com estas duas pernas, a literatura caminha.
O escritor tem um poder sobre o leitor.
Os meus escritores de referência são Montaigne, Cervantes, o padre António Vieira, Gogol e Kafka.
O padre António Vieira era um jesuíta do século XVII.
Nunca se escreveu na língua portuguesa com tanta beleza como ele o fez.
O ser humano não é intrinsecamente bom nem mau.
O que verifico é que a bondade é mais difícil de alcançar e de exercer.
E bem e mal são conceitos demasiado amplos.
É mais fácil ser mau, mau nas suas formas menores, mau em tudo aquilo que nos afasta do outro, do que ser bom.
A grande vitória da minha vida é sentir que, no fundo, o mais importante de tudo é ser boa pessoa.
Se pudesse inaugurar uma nova Internacional, seria a Internacional da Bondade.
Para temperamentos nostálgicos, em geral quebradiços, pouco flexíveis, viver sozinho é um duríssimo castigo