Já não adianta nada dizer que matar em nome de Deus é fazer de Deus um assassino.
Para os que matam em nome de Deus, Deus é o Pai poderoso que juntou antes a lenha para o auto de fé e agora prepara e coloca a bomba.
Basta pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos, primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades do efeito, o sucesso de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias ( )
Há uma tendência autoritária em muitos países.
Nada restou dos ideais.
A esquerda sofre uma espécie de tentação maligna que é a fragmentação.
Não vejo nada mais estúpido do que a esquerda.
Uns enfrentam os outros, por grupos, por partidos, por opções.
A palavra mais necessária nos tempos em que vivemos é a palavra não.
Não a muita coisa, não a uma quantidade de coisas que eu me dispenso de enumerar.
Creio que me fizeram todas as perguntas possíveis.
Eu próprio, se fosse jornalista, não saberia o que perguntar me.
Por que, para que e, a mais importante, para quem, são as três perguntas fundamentais que deveríamos fazer ao primeiro ministro, ao professor, ao pai, ao filho, quase a propósito de tudo o que ocorre.
O problema é que isso dá um pouco de trabalho.
Ao poder, a primeira coisa que se diz é «não».
Não por ser um «não», mas porque o poder tem de ser permanentemente vigiado.
O poder tem sempre tendência para abusar, para exorbitar.
Sem política não se organiza uma sociedade.
O problema é que a sociedade está nas mãos de políticos profissionais.