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Marinho Guzman

Minha mãe.
Um texto não precisa exaurir uma ideia, assim como uma iguaria não precisa matar a fome.
A morte é o fim e pode ser também o começo, a religião não foi feita para ser entendida, devemos aprender a ler os sinais do Criador para acreditar que não estamos aqui por acaso.
Depois disso, dá para escrever essas linhas sem a preocupação de que mais de noventa anos de vida possam ser resumidos em algumas palavras.
Minha mãe partiu!
Apesar do o triste e doloroso último ano ela não tinha nenhuma doença e não queria morrer.
O brilho nos olhos durou até o último suspiro e espero que ela já tenha encontrado aqueles a quem amou e de quem teve as melhores lembranças.
Muitos vivem, alguns deixam um legado e a saudade é personalíssima, podendo ser dolorosa para uns e gostosa para outros.
O legado deixado pela minha mãe vive dentro de mim como sempre viveu.
Sou capaz de lembrar me dela desde os meus cinco anos de idade, me acompanhando nas lições do colégio, com muito rigor e com doçura.
Lembro me dela por toda a vida deixando de lado a sua para acompanhar a minha.
Lembro me do seu desespero quando na rebeldia dos meus vinte anos, ameacei deixar a escola e ela me convenceu a continuar.
Lembro me da mãe guerreira que cuidou da casa sozinha e ainda trabalhou, dando aulas particulares de piano na casa dos alunos, poupando os do trajeto que ela fazia sem reclamar.
Lembro me da sua alegria de encontrar um novo companheiro, com quem viajou todo o mundo por várias vezes e de quem falava sempre com muito carinho em vida e depois que ele partiu.
Lembro agora e sempre lembrarei, que a parte boa de quem sou veio dela.
Não estou triste.
Com a convicção que ela tinha que ao partir reencontraria seus queridos, breve estaremos juntos novamente.

O navio parece um circo.
O comportamento das pessoas tem muito a ver com costumes locais, tradição e educação.
Um navio fazendo cruzeiro internacional é o local ideal para você observar as pessoas.
Homens e mulheres em roupa de gala dividem o espaço com outros de shorts e bermudas, mini saias e biquínis minúsculos.
O que parece normal para uns, incomoda outros, mas para a maioria o respeito pelo próximo é regra.
Ainda assim dá para perceber, por exemplo, que a semelhança entre japoneses e outros com olhos amendoados termina aí.
Japoneses são silenciosos, calmos e educados, já os outros, via de regra, são deselegantes e porcalhões para o nosso padrão.
Brasileiros quando viajam em família não destoam, mas quando em pequenos ou grandes grupos, mostram alterações de comportamento e não escondem a falta de educação e respeito comum no nosso país.
Argentinos falam num tom mais alto que a maioria e podem ser confundidos com italianos quando começam a gesticular freneticamente e falar todos ao mesmo tempo ou quando tentam um diálogo, todo mundo querendo fazer valer seu ponto de vista.
A maioria dos americanos fala baixo, não faz gritaria, mas em alguns grupos, até de mais velhos, quando rola bebida, os homens devem falar coisas muito engraçadas, pois as mulheres desandam a gargalhar frenética e estupidamente a cada frase.
Minorias étnicas radicada nos países do Reino Unido vindos das colônias, parecem que tem só servem para empanar a fleuma britânica.
São na maioria mal educados, barulhentos, andam em pequenos bandos fazendo alarido nos seus dialetos, só são ingleses porque colonizados pelos ingleses.
Uma vergonha!
O termo politicamente correto tenta estabelecer regras para o comportamento que deveriam ser obedecidas por todo mundo.
De certa forma não deixa de ser uma certa censura e a discussão tão vasta, muitas vezes se perde do ponto central do assunto.
Uma coisa é certa, num navio com mais de mil e novecentos passageiros a beleza da mulher brasileira dá de dez a zero em todas as demais, calando a boca de gregos e troianas.
Bonitas, elegantes, não fazem feio, a não ser umas senhoras de meia idade e idade inteira, cheias de plásticas, botox e próteses mamárias, com joias verdadeiras ou falsas pagando de gatinhas, o que as tornam verdadeiros seres extraterrestres.
Tudo aqui parece um circo.
Colorido e às vezes barulhento como os palhaços em algazarra, outras vezes silencioso, como momentos de perigo no trapézio ou no suspense de alguns truques do mágico.
Mas como nos bons circos, a gente se diverte e o o espetáculo se repete todos os dias, pois o show tem que continuar.

A pior coisa de ficar velho é que cada vez a gente fica mais velho.
E a gente fica velho quando é velho, fica mais velho quando é novo e tem gente que é novo mas parece velho.
A velhice começa com a primeira queda e termina com muitos tombos.
Dizem que cair os cabelos é sinal de velhice e uma questão genética.
Tem gente que fica careca aos vinte anos e até menos e tem gente que fica com os cabelos brancos antes de ficar velho.
Por algum motivo, os cabelos são grande preocupação para a maioria das pessoas.
As mulheres têm especial preocupação e cuidado com os cabelos e as mais novas usam os cabelos tão grandes quanto possível,muitas se negam a cortá los e “cortar as pontas” parece que dói.
À medida que ficam mais velhas a preocupação não diminui, mas muitas passam a usá lo mais curto porque é muito mais prático.
Não tenho estatísticas mas acho que a maioria das mulheres usa tinta nos cabelos.
Umas, só para variar mesmo, outras porque acham que ficam melhor com ele mais claro ou mais escuro.
É raro ver mulher com os cabelos parcialmente brancos e mais raro ainda vê las com eles todos brancos.
Não há quem não perceba que está ficando velho ao ver uma foto de si próprio com dez anos a menos.
No perfil do Facebook, todo mundo escolhe uma foto da qual goste mais e invariavelmente ela é menos atual do que a realidade.
Há quem não ligue para ficar velho ou mais velho, alguns se se acham até melhor do que quando eram mais novos, mas até isso é uma coisa passageira porque ninguém gosta de perder a mobilidade, a visão, a audição e a vitalidade de quando era mais jovem.
Eu poderia escrever várias páginas sobre as vantagens de ser jovem, de quanto é difícil e ruim ficar mais velho e depois outras tantas rebatendo um monte de gente dizendo que ficar velho é natural, é legal e que a maturidade traz paz, sabedoria e inegáveis vantagens.
Concordo que ficar mais velho possa ter umas coisas legais, mas no geral, ficar mais velho um dia acaba deixando a gente muito velho e ficar velho, no bom português, é uma merda .
Como diz minha querida Amanda Palma, eu começo escrevendo bem mas invariavelmente esculhambo o texto.
Juro que nem sempre fui assim .
Isso é coisa de velho!